sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Desalento






Quando jovem, Antônio Vieira acreditava
nas palavras, especialmente nas que eram ditas com fé. No
entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na
salas de aula, nas reuniões, nas catequeses, nos
corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores,
duques, marqueses, ouvidores, governadores, ministros,
presidentes, rainhas, príncipes, indígenas, desses milhões
de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas - ou
nenhuma delas - havia surtido efeito. O mundo continuava
exatamente o de sempre. O homem, igual a si mesmo.

Ana Miranda in Boca do Inferno 

 

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