quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016





Foto Toby Melville


Sem dúvida o fato de ser um poeta brasileiro fazia com que Gregório de Matos se sentisse um idiota. Vivia afastado da metrópole e perdia-se em divagações bastante confusas sobre si mesmo. Achava que nada mais tinha a perder depois que voltara para sua terra, viúvo e solitário. Rimar Jesus com eus, Deus com ateus, igreja com inveja, jesuíta com alcovita, juiz com infeliz, poeta com pateta, santo Antônio com demônio, letra com punheta ou história com chicória, tanto fazia. Tinha os mesmos sentimentos para escrever sobre a mulata, o amor, o muleiro, o caralho, o papagaio, o governador, el rei ou Deus. E era perseguido pelas mulheres com uma velocidade indecorosa que fazia Gonçalo Ravasco até empalidecer.

Ana Miranda in Boca do Inferno 

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