quarta-feira, 6 de julho de 2016

Obrigada, Vicente Pereira!



 Cartaz do espetáculo Solidão, a comédia

-  Cada gole parecia que era o último... Isso me valeu mais que qualquer bíblia!
Tanta coisa na vida é assim...
(Toma sopa)
– A própria vida.
(Toma sopa.)
– Não sei porque a gente tem tanto medo. Parece que o que move o homem é o medo. O homem tem medo de tudo. Medo de morrer. Medo de viver. Tem um escritor que diz que nós vivemos um momento muito delicado. Que chegou a hora de optar entre o temor e o amor, e que com toda certeza, o homem seria inclinado inevitavelmente para a segunda opção. Pra mim todo o segredo está no amor. Acho que tudo é mais simples. Tenho certeza. Tudo vem do amor e vai pro amor. Não há o que temer.
(Entra a música)
Se há algo que possa afinar o homem com sua alma, é o amor.


Solidão, a comédia - Vicente Pereira 


Diogo e Vicente

Reler Vicente Pereira foi poder voltar a um mundo perdido dentro da minha memória e  sentir o riso, o choro, o desconforto e o sarcasmo que explodiam em seus textos... tudo de novo, e de novo e de novo! Voltar ao espetáculo "Solidão, a comédia" foi o melhor desses momentos, por certo!

O final do espetáculo, interpretado com grandiosidade por Diogo, foi se descortinando com tanta clareza.... com tanta exatidão, que me fez pensar sobre essa coisa estranha chamada "cérebro".

O texto acima é do último esquete.
Um diálogo muito duro com a velhice e com a morte.

Findo o espetáculo e em meio às palmas Diogo retorna ao palco. Não, porém, como personagem, mas como ator. Não para agradecer, mas deixar um último legado de  emoção à noite.

Contou à plateia que o avô sempre bebia sopa, calmamente, ruidosamente (reproduzindo o gesto). Após cada colherada Diogo fazia uma cara de aprovação à iguaria..... uma a uma.... sinalizando que era preciso saborear e apreciar as coisas..

E fez a transposição da metáfora, lembrando a todos que a vida deveria ser celebrada nas pequenas e grandes coisas.....

Saboriou ruidosamente e felizmente cada colher daquela sopa imaginária, percorrendo cada canto daquele palco mágico.... olhando serenamente para a plateia, tocada pela surpresa e pelo gesto.

Sábios senhores.... Diogo, esse avô e Vicente!

Gratidão por fazerem parte do meu universo cultural (que não, não estava perdido, mas apenas adormecido em minha memória).


ps: acabei de descobrir que este sábio avô era do Vicente, e não do Diogo!  :o)

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