segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Fragmentos de vida



 Foto Aino Kirillova

Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.

Memória que é a de um espaço e de um tempo, memória no interior da qual vivemos, como uma ilha entre dois mares: um que dizemos passado, outro que dizemos futuro. Podemos navegar no mar do passado próximo graças à memória pessoal que conservou a lembrança das suas rotas, mas para navegar no mar do passado remoto teremos de usar as memórias que o tempo acumulou, as memórias de um espaço continuamente transformado, tão fugidio como o próprio tempo.

José Saramago in Palavras para uma cidade

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